domingo, 13 de setembro de 2009
Reflexões em torno do ato de amar...
Muitos de nós acreditam que o ato de amar constitui um ato especifico.
Há inclusive quem tome amor por sexo pura e simplismente...
Alguém ao descrever o ato de amor por excelência, descreveu-o como o ato de entregar a vida pelo próximo.
Sempre podemos dar algo ao próximo: um cobertor, um pedaço de pão, um copo dágua, um alfinete, um abraço, um sorrizo... manifestando nosso amor por ele.
Entretanto não há nada tão precioso quanto a vida... pois a vida é uma só e perdida não lha recuperamos mais, ao menos neste plano.
Por isso aquele que entrega sua vida, entrega seus anseios e suas esperanças, e dá a maior prova de amor possivel...
A doação da vida é o ato por excelência no qual a plenitude do amor se manifesta.
E apesar disto não podemos falar no ato de amor como algo definido...
Pois o amor é um sentimento que difuso no coração do homem manifesta-se em cada um de seus atos mais simples.
Assim cada ato daquele que ama, cada gesto, cada movimento é como que preenchido pelo amor e divinizado.
O homem que faz sexo apenas para obter prazer, realiza um ato meramente físico, sexual e trasitório.
O homem que faz sexo para se doar neste ato e dar prazer ao outro, este ao dar-se a si mesmo e ao pensar primeiramente no outro realiza um ato de amor, um ato espiritual, um ato que se prolonga para a eternidade.
O cozinheiro que cozinha para fartar-se, que cozinha como se fosse um fardo pesado ou em troca de salário, nada faz além de cozinhar...
Já aquele que cozinha para doar-se no sabor do alimento que prepara, depositando daquele simples prato de arroz ou feijão algo de si... aquele que cozinha para partilhar com os famintos e miseraveis, vai muito além do simples ato de cozinhar e transforma seu ato num ato de amor e o amor jamais perece...
O jardineiro que cumpre rotineiramente seu oficio ou que pensa apenas e tão somente no pagamento a ser recebido não ultrapassa os atos de semear, abacelar ou podar.
Há entretanto quem mesmo nas horas de maior angustia encontre conforto ao contemplar em cada flor o sorrizo aberto da mãe natureza, há quem conver-se com os ramos e folhagens farfalhantes e mesmo quem aspire por não causar dores e sofrimentos aquele pequenino ser que aos olhos dos demais não passa duma mísera planta... este ultrapassa os atos triviais da jardinagem e realiza atos de amor.
Ao atender a uma encomenda de cachecóis a tricoteira trabalha, beneficiando a sí e aos seus, entretanto quando Domingo após a missa dedica duas ou três horas a cofecção de meias para os velhinhos do asilo mais próximo, não tricota: ama e amando beneficia ao próprio Senhor Jesus Cristo que habita daqueles idosos com que ninguém se importa.
O médico que no fim do expediente ou após a dura semana de trabalho reserva uma ou algumas horas ao atendimento de pessoas carentes fornecendo-lhes os medicamentos necessários não exerce medicina, exerce amor.
Quando um advogado sustenta uma causa em troca de comissão, adota o padrão da justeza. Quando aplica-se em defender gratuitamente a causa de um necessitado por amor a justiça, adota o padrão da caridade. Neste caso já não pratica atos juridicos mas atos de amor para com seu semelhante e irmão... e seus honorarios serão pagos pelo Pai com dadivas impereciveis...
Quando o mestre importa-se apenas e tão somente com o aprendizado de seus alunos é profissional e sua atuação ordinária. Quando se importa com a plena realização dos mesmos e com o desenvolvimento integral de suas potêncialidades humanas sua atuação é vital e seus atos de amor.
Quando o intelectual ao invés de prostituir-se com os poderes do século presente, posta-se heroicamente ao lado da justiça e do direito pugnando pelos excluidos do sistema toda sua atividade é um ato de amor.
Quando o amigo nos estende a mão, este ato aparentemente mecânico de se estender a mão amiga é um ato de amor...
Quando alguém nos ensina a apreciar as pequenas coisas da vida, os fenômenos naturais que se repetem todos os dias sem que ninguém repare, os pequenos gestos de simpátia e afeto, ministra-nos uma grande lição de amor.
Quando ensinamos aos outros a bela lição da solidariedade, ampliando e fortalecendo a corrente fraterna do bem, estamos engendrando um ato de amor.
Quando buscamos antes de tudo o proveito a o beneficio alheio colocando nossos intereses individuais em segundo plano, estamos vivendo o amor.
Quando pensamos no interese do coletivo e não no interese particular e restrito, estamos caminhando no amor.
Quando nos preocupamos com o futuro das gerações que ainda não nasceram estamos firmes no amor.
Assim todo pensamento, toda palavra, toda ação e operação, cada gesto, cada iniciativa inspirada pelo amor se amorifica e se amorificando se eterniza.
Mesmo cada contrariedade, cada sofrimento, cada dor daquele que sabe amar é fertilizante moral com que se fertiliza e fecunda a sociedade.
Midas embreagado pela glória obteve a graça de transformar em ouro tudo quanto tocava, mas depois arrependeu-se...
Aquele que ama transforma tudo quanto toca em amor, pois o contato com o amor verdadeiro opera milagres.
Aquele que ama amoriza e jamais se arrepende...
No amor não há rancor ou arrependimento.
O amor é a chave da felicidade e cada uma de suas obras remunera a sí mesma pelo simples fato de ter sido feita.
O amor não precisa de recompensa ou prêmio pois amar é o maior de todos os prêmios que podemos obter.
A natureza humana foi concebida apenas para amar e apenas no amor encontra repouso e lenitivo.
Pois o amor satisfaz, alegra, conforta e ampara.
Tudo que é feito é sempre feito melhor quando feito com o amor porque o amor é o selo de toda perfeição.
Por isso não existe um ato exclusivo que possa concentrar ou resumir o amor.
Antes de ser ato definido o amor é um sentimento que penetra cada um de nossos atos e que lhos converte em atos de amor.
Por diversas e variadas que sejam as ações humanas o amor lhas santifica todas.
Quem ama pode fazer tudo quanto quer pois o amor jamais será capaz de inspirar iniquidades.
O amor só inspira o bem.
E quem acolhe suas inspirações liberta-se do mal passando das trevas a luz.
O amor sem ser uma ação especifica é o elan de todas as ações.
Como o amor não tem sua origem neste mundo procedendo da eternidade, todas as ações inspiradas por ele se projetam para a eternidade.
Assim aquele que se doa se encontra a si mesmo no amor enquanto que aquele que se fecha se perde porque perde ao amor.
Em cada ato é posssivel doar-se...
É possivel doar-se numa ação apetitiva como ao ato sexual, é possivel se dar num mísero copo dagua fria ofertado com boa vontade, é possivel se dar num medicamento, numa informação util, num abraço ou numa palavra amiga.
O amor é o unico sentimento capaz de operar este mistério: que ao nos esvaziar-mos de nós mesmos nos enchemos...
Na mesma medida em que me desprezo e ignoro passo a conhecer-me e a saber porque sou...
Na mesma medida em que sirvo e auxilio apreendo o que de fato sou...
Coloquemos em cada objeto em cada coisa algo de nós... coloquemos em cada objeto em cada coisa um pouquinho de afeto.
Sejá este afeto o tempero especial de nossa comida, o frescor mais acentuado de nossa bebida, o calor mais sincero de nosso aperto de mão, a veracidade e afabilidade de nossas palavras, enfim o dinâmo de todas as nossas ações.
O amor nos fará diferentes dos outros.
Esposos diferentes, cozinheiros, jardineiros, costureiras, médicos, professores... diferentes.
O amor fará de nós pessoas melhores e nos tornará especiais se lhe formos fiéis.
Tal a marca, tal o cárater, tal a força do amor.
Ame-mo-nos mutuamente porque o amor vem de Deus e conduz a Deus.
Profo Domingos P Braz.
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