"Então em que acredita, uma vez que ignora o sobrenatural??? -- Creio na humanidade, creio no ser humano, creio em você; respondeu ele (O Abade Faria), Eis todo meu credo."

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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A necessidade do retorno ao corpo para a expiação.

Como vigias de seu exuberante pomar poz o principe Tabir um cego e um aleijado.

Cabia ao cego, dotado de ovido apurado, gritar ao mais leve rumor e ao coxo estar sempre atento e vigilante para surpreender os intrusos.

Recomendou-lhes o principe que velassem expecialmente pelos frutos doces de sua ameixeira, os quais sabiam a mel.

Ponderou o principe consigo mesmo: -- Assim não serei roubado pois um é cego e incapaz de contemplar os frutos e outro sendo coxo não lhos poderá alcançar...

Eis que pela tarde, o coxo, com belas palavras e expressões fantasiosas, descreveu ao cego os saborosos frutos de que as arvores estavam carregadas.

Diante disto sugeriu o cego com toda cautela:
-- Então que fazemos nós que não lhos colhemos?

Ao que o coxo retrucou: Como haveremos de apanha-lo se tu não vês e eu mal posso andar?

-- Não passas de um tolo! Exclamou o cego exasperado. Arrasta-te pois até mim e resolverei o caso.

Arrastou-se pois o aleijado com grande dificualdade até o local onde se encontrava o cego, este o colocou sobre suas costas e assim guiado por ele pode achegar-se da ameixeira carregada. Ao aleijado só restou a faina de colhe-los e assim ambos se fartavam enquanto o sol se punha.

Na manhão seguinte quando sua alteza entrou no pomar verificou, com o primeiro golpe de vista, que suas frutas prediletas haviam sido pilhadas.

Urgia descobrir os culpados e puni-los.

Por isso mandou trazer os guardas a sua presença para interroga-los.

-- Senhor meu, exclamo ou aleijado tremendo, como poderia seu saquear a tua árvore e alcançar-lhes os galhos se mal posso me arrastar dum lugar para o outro.

Protestou da mesma feita o cego:

-- E eu oh magnânimo Senhor, como seria capaz de arrancar e de consumir os frutos maduros se não tenho olhos para ver e vivo mergulhado nas trevas?

Muito bem concluiu o principe, ide em paz...

Tendo porém submetido a questão ao idoso vizir, foi logo inteirado sobre o engenhoso ardil com que ambos os vigias lho haviam enganado.

Que fez ele então?

Mandou que colocassem o aleijado as costas do cego e assim os dois juntos foram justiçados com cem bastonadas.

Tal se sucederá com os pecadores após a morte.

Diante do tribunal dirá a alma apontando para o corpo:

-- Eis que nasci pura e sem mancha e este corpo grosseiro me fez pecar!

E o corpo querendo esquivar-se apontará para a alma e exclamará:

-- Senhor esta alma é a culpada pois foi ela quem me impeliu a pecar, eu pobre de mim nada fiz! Como poderia incidir em erro se ela não me inspirasse?

Que fará então o Sábio Senhor?

Unirá a alma ao corpo novamente e dirá: Tal o pecado, tal a expiação!


Talmude, Baba Metsia.

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